Falando em público, Luís Roberto Barroso qualificou Joaquim Barbosa como “um negro de primeira linha”. Desculpou-se, depois, pela óbvia conotação preconceituosa do diagnóstico —e, felizmente, segue no mundo dos vivos. William Waack proferiu, em comentário privado, o mais antigo dos abomináveis gracejos racistas. A frase veio a público e ele desculpou-se —mas corre o risco de ser arremessado ao mundo dos mortos. O minotauro da lenda alimentava-se de jovens virgens. A fome insaciável das Redes Sociais, minotauro pós-moderno, exige o sacrifício ritual de figuras públicas. Um clamor de indignação legítima nasce da janela que se abriu para um abismo interior de Waack. O jornalista admirado expeliu lixo. Somos todos, de alguma forma, lixeiras de séculos de violência, exclusão e preconceito. As pessoas decentes estão indignadas pois enxergaram, em lugar inesperado, um sedimento profundo da história humana: o metal pesado, contaminante, do nosso desamor. Mas, se decent...